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o fluxo do mundo: a nova web

Um artigo de opinião publicado recentemente na Wired (em inglês)

http://www.wired.com/opinion/2013/02/the-end-of-the-web-computers-and-search-as-we-know-it/

Nele, David Gelernter, professor de ciência da computação na universidade de Yale e cientista chefe do Lifestreams.com, discute a necessidade de mudança na metáfora da internet, a velha história, de uma interface espacial gráfica para uma interface temporalizada. Ele defende que com os blogs, streams de rss, feeds e a atualização constante da informação pelos seus produtores estamos produzindo um fluxo (stream) de informação que pode ser manuseado levando-se em conta o tempo como vetor mais importante, e não o espaço. Isso tem a ver com o design das páginas, a ver com como fazemos nossas buscas etc.

O texto vem de encontro ao que pesquisamos, realizamos e pensamos aqui. Uma nova metáfora, uma nova interface para os dispositivos de leitura/escrita da internet. O Managana, nosso software livre e nossas publicações de poesia, documentários e conteúdos educacionais para museus e editoras já usam na prática essas ideias. Tudo que tentamos fazer é construir fluxos imagéticos mixados e sequenciados num novo espaçotempo. Vamos além do que se diz no texto em questão. Não só devemos dar ao tempo uma importância que ainda não tem na web, mas pensar que podemos navegar, associar e procurar o que desejamos num espaçotempo hiperdimensional, usando a mente como metáfora para a disposição e co-relação das imagens em termos de mixagem e sequenciamentos. Um novo ambiente de criação e fruição de arte e comunicação, bem mais adequado à exploração ampla das novas possibilidades de comunicação da internet.

A inclusão do tempo nas interfaces, como vetor importante, já é uma velha demanda. Programas como o Flash e outros usam linhas do tempo, infelizmente ainda exploradas de forma rudimentar, diante das possibilidades que têm. O tempo t, assim como as coordenadas x, y e z, criam um espaçotempo de quatro dimensões. Ora, é possível n outras linhas com n outras sequências se entrecruzando num nó de informação na tela do computador ou tablet ou tv.

Precisamos desenvolver formas de usar isso como gramática para novas narrativas, e dotar essa interface nova de recursos como interações, marcadores, anotações, compartilhamento, busca etc. Essa é nossa busca, pesquisar e desenvolver um software livre que leva isso em consideração e produzir conteúdos pensados desde o início para funcionar nessa nova metáfora. A metáfora mental é antiga também, quando foi cunhado termo transliteratura por Ted Nelson ele quis dizer isso. Para ele, os arquivos ideais são células de uma planilha hiperdimensional e suas conexões. E essas células podem conter qualquer mixagem de imagens no sentido de inputs sensoriais tratados pelo cérebro como linguagem: texto falado, escrito, som, música, matemática, imagem visual, olfativa, propriocepção etc e guardar o histórico das suas transformações e acessos.

 

davidgelernter-napkinsketch_wiredopinion_schokshi

diagrama da web ‘time based’ (Wired)

 

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