Este mês estreiam no Sítio de Imaginação os Póemas Nórdestinos, textos de Álvaro Andrade Garcia para se ler com sótaque. Publicados em O Verão Dentro do Peito (1998) estes póemas tratam da temática do semi árido brasileiro criando rimas e ritmos na cadência da fala do povo que vive lá. Fazem parte de uma pesquisa sobre a utilização da visualidade e sonoridade do nordeste na poiesis. Agora publicados no sítio, num cenário marcado pela presença de um forte sol, gentilmente cedido pela NASA, os poemas são declamados com as vogais abertas percorrendo temas fortes como o norte, a morte, a sorte e o pó de nada, pódes nada.
Aos poucos novos textos irão se juntar a este nó que se abre no rizoma. Para aqueles que não gostam de esperar, vale a pena uma visita ao livro (os poemas nordestinos estão no final do livro em html):
http://www.ciclope.com.br/pt/memoria/livros/verao/menu_verao.php
Poemas para ler com sotaque, travalínguas, palavras inventadas, medonhas e coisas escritas errado para consertar. Jogo do dicionário: palavrórios incríveis para adivinhar. Estórias engraçadas e barulhentas, sons para cantar e também azucrinar. Palavras com arestas e desenhos malucos, ainda sem significado, para você batizar.
Poemas para crianças pré-alfabetização e nos primeiros contatos com a língua (7 a 9 anos).
APRESENTAÇÃO
Há muito esses poemas estão presentes na obra do autor, vários foram publicados em O Verão Dentro do Peito (1998) e Álvaro (2004), outros aguardavam na gaveta a hora e a vez desse convite da editora Peirópolis. Nunca haviam sido recortados e reunidos para o público infantil.
Nas palavras do autor, “esses poemas brincantes surgiram para me libertar da minha própria educação. Cresci numa casa em que a palavra sempre foi tratada com muita seriedade, sempre muito “adulta” e cheia de obrigações. Todas as paredes tinham estantes cheias de livros, as conversas eram filosóficas, antropológicas, sociológicas, politizadas, tudo com muita estrutura e conceito. Claro que isso foi muito importante para mim, mas chegou uma época em que quis brincar com a palavra, recuperar para mim o seu viés criativo. Visitei, então, a terra da infância e a fala do povo, onde são encontradas ainda frescas e livres, muitas vezes nascendo, sem compromissos. E como brinquei com elas… Estes poemas são um exercício de descondicionamento, de estímulo ao experimento e à imaginação.”