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ouya, um novo tipo de console de jogos?

Depois de bastante sucesso em uma campanha de crowdfunding que deve dar as caras por anos em palestras de especialistas, o Ouya, video-game criado com base no Android, foi lançado em clima de festa. O mote é direto e está estampado no site do projeto: “a new kind of game console”. Esse “novo” se refere à liberdade dada aos desenvolvedores para levarem jogos (e outros conteúdos) ao aparelho, fugindo das esfinges devoradoras que costumam barrar a entrada em sistemas tradicionais como os da Sony, Microsoft e Nintendo.

porque o Ouya é realmente novo?

A ideia “free the games”, outro dos mantras do Ouya, tem realmente funcionado. A partir do menu “discover” do aparelho (o equivalente a lojas como Google Play, Appstore ou Playstation Store) é possível encontrar jogos que dificilmente chegariam a concorrentes. E coisas muito boas, incluindo material experimental ou ainda em desenvolvimento, o que provavelmente seria visto como abominação em outros sistemas.

porque o Ouya não é tão novo assim?

Mesmo que a “discover” traga essa grande liberdade aos desenvolvedores, o princípio não é tão novo assim. Já temos alguns anos de jogos indies (alguns de muito sucesso) aparecendo nas listas dos figurões. Minecraft é o grande exemplo, seguido de perto por produções como Braid ou Fez. É verdade que o Ouya expande em muito essa liberdade, mas o conceito está aí desde o lançamento das appstores para celulares e tablets.

porque o Ouya não é novo? (ou “porque o Ouya é mais do mesmo?”)

Novo em relação a quê? Os conceitos que norteiam a produção do Ouya não são os dos consoles tradicionais. Na verdade o aparelho tem uma relação estreita com os tablets e telefones Android de onde herdou o sistema operacional. Assim que ele é ligado pela primeira vez você recebe uma mensagem já conhecida de muitos: crie a sua conta. Isso significa que o Ouya não funciona sem seu “ecossistema” que envolve ao menos uma comunicação inicial com o servidor do fabricante. Mais ainda: nada de jogatina sem um cartão de crédito, mesmo que você não vá comprar jogos. Isso não é novidade, não é mesmo?

porque o Ouya é realmente novo, mas num mau sentido?

Você se lembra daquele Playstation 1 que está guardado no armário? Lembra dos seus jogos? Bom, já faz alguns anos que você não o liga, mas pode fazer isso se quiser. O que vai acontecer quando, daqui a algum tempo, você procurar por aquele jogo bacana que você tanto amava no Ouya. O servidor ainda estará funcionando para você baixá-lo de novo se precisar? O aparelho terá se tornado mais um peso de papel? Mais grave ainda: recentemente tivemos uma recepção BEM ruim do anúncio do Xbox One da Microsoft que obrigou a empresa a voltar atrás em alguns pontos do design do sistema. Um deles? O que fazer quando você quer emprestar um jogo a um amigo? Ou vender algum que já não joga mais? Bom, nenhum dos jogos do Ouya pode ser trocado ou revendido. Onde está a comoção por isso? Essa é uma parte ruim do princípio de uso de tablets e telefones aplicado na íntegra a um console de games pela primeira vez.

(a Sony tem uma resposta divertida quanto ao empréstimo de jogos)

Um extra: você pode instalar aplicativos e jogos no Ouya que não vieram da “discover”, mas esse não é um processo trivial, o que torna a distribuição de jogos dessa forma inviável. Além disso, a necessidade da criação de uma conta de acesso (+ cartão de crédito) impede que o aparelho seja realmente “livre”, mas isso provavelmente pode (e provavelmente vai) ser solucionado com algum mod ou firmware não oficial para o Ouya no futuro.

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code is poetry (mas também é jazz)

Code is poetry! Quem está acostumado com o sistema de blogs mais usado do mundo, o WordPress, tem grandes chances de já ter ouvido (ou lido isso). É o que defendem os criadores do sistema, e para quem quer conhecer um texto bacana e rápido sobre o assunto, é só acessar:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luliradfahrer/2013/07/1317458-codigo-e-poesia.shtml

Mas o que menos gente sabe é que o código também é música, no caso jazz. Cada versão do WordPress é dedicada a um músico desse estilo. A mais recente (3.6), por exemplo, é uma homenagem a Oscar Peterson. Para uma lista completa das versões/músicos, é só acessar

http://wordpress.org/about/roadmap/

Mas se você quer mesmo é ouvir as músicas, os próprios desenvolvedores do WordPress já se encarregaram disso:

http://www.lastfm.com.br/tag/wordpress-release-jazz

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sobre a falta de segurança em aparelhos android

Surgem a cada dia novos alarmes de firmas de segurança e de publicações especializadas falando sobre um novo vírus para o sistema Android, um novo app malicioso, uma nova ameaça qualquer. Bom, isso não é incomum: na era de máquinas conectadas e do acúmulo de funções que muitas vezes envolvem dinheiro, é bem natural que alguém procure brechas e se aproveite dos mais incautos. É assim no Windows, no Android, em qualquer sistema, mas também no mundo analógico: deixe a porta de sua casa aberta ou sua carteira no banco da praça que coisas similares acontecem.

E a similaridade “mundo digital/analógico” não está só no problema, mas também nas dicas de solução, só que aqui a questão pode ter implicações mais sérias. Um fato sobre a história humana é que ela tem a habilidade de se repetir. Já alternamos vários períodos de liberdade individual e da falta dela, e o chamariz para uma era de mais imposição vem muitas vezes do clamor das próprias pessoas por alguém que garanta a sua segurança em troca de cada vez menos direitos individuais. Censura e regras cada vez mais rígidas do que é aceitável ou não começam a aparecer nesses períodos e vão tomando a sociedade até um ponto de ruptura e daí… bom, é história.

Voltando à questão da segurança no sistema Android, que tal olhar com um pouco mais de cuidado as dicas dos especialistas? Uma comum: nunca instale software que não venha da loja Play – há até mesmo uma configuração nos aparelhos que faz isso de forma simples, impedindo o próprio dono de fugir do cercadinho do Google. O que, na verdade, acontece quando você faz isso? Você entrega para uma empresa o poder de censura sobre o que entra ou não no seu aparelho. Outra comum, que especialistas evitam dizer mas que “pessoas comuns” muitas vezes têm na ponta da língua: mude para um iPhone/iPad, que é mais seguro. De novo, a mesma questão: ao invés do Google você deu à Apple o direito de escolher o que você pode ou não acessar.

Essa é uma questão recorrente da história humana, mas agora com um viés diferente. Antes, em troca de uma segurança muitas vezes questionável, as pessoas entregavam cada vez mais aos seus governos o direito de determinar como elas viviam. Agora, na época do nosso “capitalismo-mais-que-tardio”, são às empresas privadas que recorremos e damos o direito de dizer o que podemos ou não fazer…

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cuidado: café quente pode queimar e fazer o sonic cair!

A princípio as duas coisas podem parecer não ter relação. É bem claro que café quente queima, mas a ligação entre isso e uma das mortes mais comuns do mascote da Sega não é exatamente nítida…

Bom, começando pelo café, o aviso sobre a queimadura ainda é piada pra muita gente mesmo depois de ter ficado comum em copos descartáveis pelo mundo. Isso não é um fato isolado: cruzamos com muitas dessas marcações óbvias no dia a dia. Óbvias também são muitas notas, dicas, tips que aparecem no mundo digital. É um sinal contemporâneo que, claro, mantém uma relação estreita com a contraparte analógica. É a era do bem explicadinho, do menor esforço, da minimização de frustrações e do processo de tentativa e erro (e do medo de processos também).

E o Sonic? Bem, o mundo dos games costuma tirar muitos 6 no dado e tende a andar na frente, ditando tendências, “pro bem e pro mal”. É curioso como as marcações excessivas podem ajudar a datar games, mesmo que sejam reencarnações de produções passadas. É o caso de um dos jogos mais famosos da Sega. Sonic 2 foi lançado em 1992. A série teve um novo capítulo, em 2012, com Sonic 4 episode II. Fora gráficos e sons melhorados, o jogo serviu pra alegrar antigos fãs por manter a jogabilidade do passado… mas nem tanto: muito do estilo da nossa época está lá, como não podia deixar de ser. Em especial, um aviso impensável na época de estreia de Sonic salta aos olhos: cair em precipícios mata você!

sonic4

Seria essa minimização da tentativa e erro uma (das muitas) características que têm atraído cada vez mais pessoas ao mundo dos games? A frustração por não conseguir algum feito em jogos tem notoriamente diminuído com o tempo. Uma recente notícia sobre a inabilidade de jogadores atuais em vencer os níveis iniciais do clássico Super Mario Bros circulou pelas redes sociais e foi rapidamente desmentida, mas será essa uma mentira com fundo de verdade? Terminando: essa questão do mais fácil/mais difícil é mesmo válida ou temos aí simplesmente um estilo de época na praia dos games?

Pra quem ficou curioso, um pouco do Sonic 2 e do Sonic 4 episode II. Em tempo: ambos são ótimos!

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arte digital no programa brasil das gerais

Na quarta-feira dia 22 de maio o programa Brasil das Gerais da Rede Minas traz uma conversa sobre arte digital. Nela, Lucas Junqueira apresenta o software livre Managana (www.managana.art.br) para publicação digital desenvolvido pelo Ateliê Ciclope. Ele fala também do projeto Reimaginando BH (www.reimaginandobh.art.br) que começa com o documentário O Aglomerado da Serra sobre uma das maiores regiões de favela do país.

O programa vai ao ar as 20 horas. Para quem não recebe a Rede Minas e casa, toda a programação pode ser conferida diretamente pela Internet:

http://www.redeminas.tv/

O programa pode ser conferido na íntegra também no Youtube logo após sua exibição:

http://www.youtube.com/user/brasildasgerais

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ano #10
2002-2012

Comemorações dos 10 anos do Sítio de Imaginação com o lançamento do livrE Grão e do software Managana no Espaço Tim UFMG do Conhecimento dia 27 de junho de 2012:

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Lançamento do Sítio de Imaginação em maio de 2002, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte.

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O Sítio de Imaginação Ciclope é uma obra software que cria um espaço mental de convivência e fruição estética na internet, usando a imaginação como metáfora para sua interface. A obra evoluiu como um programa, que muda de versão em função de atualização tecnológica, novas funções e conteúdos etc. A obra começou sua vida em 2002, na sua versão 1.0, sendo exibida no Museu de Arte da Pampulha e na Sala Web do Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

Em 2003 foi lançada a versão 2.0 com uma instalação no Festival Vida e Arte, em Fortaleza. Em 2005 a obra software chegou à sua versão 3.0 e em 2006 é lançada no Espaço UNA Liberdade a versão 3.5, que integra o uso de joysticks à sua interface. O Sítio chega à versão 4.0 em 2006 sendo exibido no Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina, nesse ano e em 2007, quando incorpora rotinas de interação coletiva em sua interface.

Em 2009 chega à versão 5.0, e finalmente em 2012 à versão 6.0, com a reescrita completa do seu código e publicação do programa sob licença livre GNU LGPL sob o nome de Managana 1.0. Seu conteúdo foi todo reformulado ao longo desse tempo. Hoje é composto de um novelo de mais de 70 fluxos interativos licenciados pela Creative Commons Brasil 3.0.

O Sítio recebe visitas e é editado on line na web, em instalações e também em tablets e smartphones. Seu software é usado também em museus, espaços culturais e outras publicações digitais. O livrE Grão do ateliê Ciclope completamente produzido usando o Managana marca uma década de pesquisa de linguagem e exploração das fronteiras da multimídia pelo ateliê.

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Imprensa

Reimaginando BH: o Aglomerado da Serra

O projeto Reimaginando BH, produzido com o patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, procura reunir depoimentos de pessoas que ajudaram a imaginar e construir a cidade que conhecemos hoje. A primeira parte, O Aglomerado da Serra, traz conversas com diversas pessoas ligadas à maior favela de BH, região que vem sofrendo várias transformações nos últimos anos. São 10 entrevistas ao todo, organizadas em 60 vídeos, com duração total aproximada de 90 minutos. O resultado é apresentado como um documentário interativo criado com o software livre Managana, disponível na Internet e também como app para dispositivos móveis Android e Apple.

Release

http://www.ciclope.com.br/wp-content/uploads/2012/08/release-reimaginando-bh-aglomerado-serra.pdf

Links

site do projeto
http://www.reimaginandobh.art.br/

acesso direto ao documentário na íntegra
http://www.managana.org/player/?community=aglomeradodaserra

aplicativo gratuito para Android (Managana)
https://play.google.com/store/apps/details?id=air.art.ciclope.managana

aplicativo gratuito para iPad, iPhone e iPod touch (Managana)
http://itunes.apple.com/br/app/managana/id528709989

Imagens em HD do documentário

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vendendo online

Emanuele Feronato é uma desenvolvedora conhecida (ou conhecido, nem sabemos se esse é mesmo o seu nome) na Internet. Seus tutorias e idéias a respeito do desenvolvimento de games são muito bacanas, e seu blog é parada obrigatória para quem tem interesse nessa área. Seu post mais recente trata de alguns detalhes sobre a venda de alguns códigos fontes antigos de jogo em flash que tinha desenvolvido. É um texto curto (em inglês), mas com bastante informação a respeito de comercialização por download. O link é esse aqui:

http://www.emanueleferonato.com/2012/08/06/selling-source-code-of-flash-games-10-months-later/

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como anda a legislação sobre a Internet?

Não só de SOPA vivem as questões legais sobre a Internet. Dentro e fora do país existem discussões acaloradas que tentam equilibrar a liberdade de expressão com a proteção de direitos autorais, entre vários outros fatores. A famosa SOPA, em discussão até pouco tempo no congresso americano, tem várias “irmãs” espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil (que chamamos de “lei Azeredo“).

Para aqueles que defendem que tais leis são um abuso contra a liberdade de expresssão, as batalhas têm surtido resultado. Primeiro, a própria SOPA acabou não sendo votada no congresso americano por falta de apoio parlamentar. Segundo, já nas nossas terras, a lei Azeredo foi reformulada e aprovada recentemente no congresso, mas com um foco bem diferente. Agora é a vez da ACTA, uma iniciativa global, ser rejeitada pelo parlamento europeu.

A discussão está longe de acabar, mas enquanto isso, alguns têm tratado o assunto de forma simples e até divertida. Um desses casos é o tabuleiro do famoso jogo Banco Imobiliário repensado pelo usuário Awesomeman do site eBaum’s World e inspirado na lei americana (http://www.tecmundo.com.br/projeto-de-lei/18255-banco-imobiliario-versao-sopa-vai-te-deixar-miseravelmente-pobre.htm).

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o mundo open source encontra o Flash

A plataforma Flash da Adobe tem sido uma constante desde a popularização da multimídia na Internet. Por vários anos foi a única alternativa viável para quem precisava distribuir vídeos ou conteúdos com interação mais sofisticada, como jogos, em seus sites. A moda agora são tecnologias abertas, como o HTML5, que, no entanto, muitas vezes têm foco ou propriedades muito diferentes do Flash, o que faz com que o player da Adobe ainda seja muito usado (aliás, o Managana, software livre para publicação digital da Ciclope, usa a versão 10.1 do Flash player).

Aqueles que reclamam de uma “ditadura da Adobe”, no entanto, continuam a alardear a dependência que essa situação gera da gigante de software, mas isso tem mudado muito nos últimos tempos. Primeiro, nos idos de 2008, grande parte do Flex SDK (um conjunto de ferramentas para criar conteúdos swf, executados no Flash player) foi liberada pela Adobe sob a licença MPL (Mozilla Public Licence), a mesma usada pelo Firefox. Já no final de 2011, outra novidade: o Adobe Flex passou a ser o Apache Flex, projeto em fase de “inclubação” da fundação Apache.

Mesmo que as iniciativas oficiais da Adobe em tornar o Flash uma plataforma mais aberta tenham sempre focado nas ferramentas de criação de conteúdo, há pessoas pensando que deveríamos ter alternativas ao próprio player. E já existem projetos bem adiantados quanto a isso. Um deles, o Gnash, se foca em criar uma alternativa para os players até a versão 8 (para os técnicos, AVM1). Outro projeto muito interessante é o Lightspark, com compatibilidade ligada aos players versão 9 e superiores (AVM2).

E, para terminar, além de ferramentas de criação e players, há toda uma comunidade criando conteúdo e código disponibilizado sob as mais diferentes licenças livres. Um ponto de encontro para essa turma é o site Open Source Flash (OSFLASH), com vários tipos de projetos. Ah, e basta procurar lá por ‘Managana’ e…. bingo.