Maria do Socorro
Assentadali, confundindo asfalto e esperança, viajante do seco sertão, resvolava e cintilava na multidão esquentada. Meu coração: pedaços retângulos menores até mesmo que um minúsculo rebento de dor. A atenção descida pela avenida encontrava-se com ela: Socorro e seus companheiros: puspulava e demarria pela sua sesmaria, lugar de espírito. Seu corpo arrasado, desdeitado: idéias achataradas, espingoladas, com vontade de correrporali e tramar entre as pessoas, esmolando oquepuder. Me aproximei. Seu-desejo- 2-bonecas. A caixa registrou 27,90, uma senhora protestou contra meu ato, um supérfluo carimbo na noite. Era noite fria de dezembro… Nada nada veio do céu, nem chuva nem vermelho, veio apenas mais noite.
Os transeuntes se foram. Meus olhos bolares irradiaram indignidade. Eles catavam as circulências e conglobavam tudo numa desoluta massamental de dor e clareza. Socorro, socorro, ia-se e perdia-se, uma viajante sem teto, miserável. Prosseguia apenas até o sonho mais proveitoso, entre perebas e cáriesdentais. Seus traços, oh, seus traços! Devolviam-me lembranças: eram víticos, congruentes, acertados. Entre aquele liso cabeloaovento e suas pernas tocando o chão, vinham as rosas, um bule quente de café, os sempremais que a situação. Prometi a ela um lugar na irrelevante pervida das palavras, e depois. Sofri mais um pouco.
Álvaro Andrade Garcia